Minas pode ter falta de enfermeiros em três meses, alerta conselho
Diante do agravamento da pandemia no estado, o Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG) fez, nesta quarta-feira,17, um alerta para as autoridades governamentais: em três meses, poderão faltar enfermeiros para o combate à COVID-19, já que os profissionais estão desgastados e adoecendo, após um ano de trabalhos intensos.
O presidente da instituição, Bruno Farias, pediu apoio da imprensa para obter respostas do governo de Minas sobre a situação dos enfermeiros e técnicos: “Ajudem a gente! Não sabemos mais o que fazer. Temos profissionais desistindo da própria vida, com adoecimento mental. Se continuar assim, quem vai cuidar da população?”.
“Não está faltando mão de obra, está todo mundo adoecendo”, reforçou Farias. “Estou muito preocupado com a nossa enfermagem. Chegamos no fim do poço, não dá mais para suportar. Pedimos ontem, ao Secretário Municipal de Saúde, uma instauração de apoio psicológico para esses profissionais. Está muito difícil e muito triste”, disse Bruno emocionado.
Bruno Farias afirmou que a desativação dos hospitais de campanha foi ruim, mas não resolveria muito o atual problema, já que é necessário montar mais estruturas de UTI e os hospitais de campanha são para leitos de enfermaria. “Se não tiver um planejamento feito em um mês, vão faltar oxigênio, medicamentos e material para intubar pacientes no estado”, diz o presidente do Coren-MG.
“É injusto um profissional sair de casa, para cuidar da vida do outro e ganhar R$ 1.100 por mês”, completou. O presidente do Coren alertou que houve caso de instituições hospitalares instituindo insalubridade para médicos, mas não incluíram as equipes de enfermagem.
A vice-presidente do Coren-MG, Maria do Socorro Pena, destacou que por trás de toda estrutura hospitalar há uma equipe de enfermagem que está sofrendo com o descaso. O Coren-MG recebe, em média, 90 denúncias por dia, com relação ao que está acontecendo nas unidades de saúde.
“É sabido que toda a população está sofrendo a consequência da falta de planejamento e sobreposição de interesses políticos e partidários na condição da pandemia. Nesse processo, quem está sofrendo é a população e os profissionais de saúde” disse Maria do Socorro. Ela completou que é preciso realizar um planejamento melhor para o estado e não apenas comunicar falta de profissionais.
As denúncias que chegam ao Coren-MG são do setor privado e público. Esse último tem mais reclamações, sendo as principais sobre a falta de EPIs, direcionamento de pessoal inadequado e manter grupos de risco em campo. (EM)