Café: Quebra da produção em Minas pode chegar a 43%
Se 2020 foi um excelente ano para a cafeicultura mineira, com produtividade e bons preços, o início de 2021 chega com uma péssima notícia. O 1º Levantamento da Safra 2021, divulgado no dia 21 deste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Minas Gerais poderá sofrer uma queda de até 43% no volume de café colhido neste ano. Embora a redução já fosse esperada, devido à bienalidade da cultura, que intercala ano de boa produção com um de baixa, os percentuais superam as expectativas.
De acordo com as estimativas da Conab, em todo o País, é esperada uma redução entre 21,4% e 30,5%, em comparação ao resultado apresentado na safra passada, sendo estimada uma produção total – somando-se as variedades arábica e conilon – entre 43,8 e 49,5 milhões de sacas de 60 quilos.
Após Minas Gerais registrar um recorde de produção, com mais de 34,6 milhões de sacas de café beneficiado em 2020, a estimativa apresentada pela Conab aponta para uma queda entre 36,1% e 42,8% neste ano, em relação ao ciclo anterior. Diante disso, a produção total estadual poderá variar entre 19,8 e 22,1 milhões de sacas de café de 60 quilos. Minas Gerais responde por quase metade de toda a produção de café do Brasil.
Os números apresentados pela Conab são confirmados por Breno Mesquita, vice-presidente do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das Comissões de Cafeicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Já vínhamos alertando para este cenário desde o ano passado. Além da bienalidade negativa, tivemos graves problemas climáticos em 2020, que já nos sinalizavam uma perda preocupante para a safra atual. Os percentuais levantados pela Conab são bastante similares aos que temos recebido de feedback dos produtores e cooperativas”.
Cleverton Santana, superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, reitera que, além da bienalidade negativa, as anomalias climáticas contribuíram para ampliar a redução já prevista. “Minas Gerais foi um dos estados mais afetados pelo clima desfavorável. O início de safra foi muito difícil, com uma seca bem significativa entre agosto e outubro. Normalmente, a partir de meados de setembro, começam as chuvas que favorecem as floradas, o que não aconteceu em 2020. Na segunda floração, que acontece em outubro, assim como em setembro, choveu abaixo da média dos últimos anos”.
Sul de Minas e Centro-Oeste
Nas regiões Sul e Centro-Oeste de Minas Gerais, que respondem por 25% da safra nacional, a estimativa é de produção entre 10,1 milhões e 10,9 milhões de sacas de 60 quilos, sinalizando redução de até 47,2% em comparação à 2020. As duas regiões foram as que mais sofreram com as condições climáticas no início do ciclo, com chuvas muito escassas e temperaturas muito elevadas.
Zona da Mata
Na região da Zona da Mata, a expectativa apontada pelos levantamentos realizados pela Conab é de produção entre 5,2 milhões e 5,8 milhões de sacas, representando um decréscimo de até 40,8% em comparação à temporada passada. Assim como nas demais regiões, a falta de chuvas, as altas temperaturas se aliaram à bienalidade negativa para reduzir a produção.
Bruno Mesquita mostra-se muito preocupado, pois, os danos causados às lavouras pelas condições climáticas poderão gerar resultados negativos também nos próximos anos. “É uma perda muito significativa e que nos preocupa muito, porque esses reflexos do clima provavelmente impactarão também a safra seguinte, de 2022. Precisaremos criar dispositivos para que o cafeicultor brasileiro tenha condições de ultrapassar esse momento. Desde o ano passado temos trabalhado nessa busca por recursos, linhas de crédito e instrumentos de renda para o produtor. Já conseguimos o aporte de 150 milhões para a recuperação de cafezais danificados, que estão disponíveis aos produtores e serão essenciais para dar fôlego à cafeicultura brasileira”.