Coluna do Edilson – Roubando o patrão
Sou ferrenho defensor da democracia, entendendo que, pelo fato da população sustentar o País com o suor de seu trabalho, a sua vontade e interesses precisam prevalecer e toda a máquina administrativa, em seus três poderes, precisam trabalhar em favor dela, afinal, é o povo quem paga todos os salários dos integrantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.
Por isso, é revoltante ver que, devido ao engessado sistema da democracia brasileira, o patrão – o povo -, apesar de pagar pontualmente os elevados salários e as régias benesses de seus empregados – os membros do Legislativo, do Executivo e do Judiciário – tem enormes dificuldades e, até mesmo – impedimentos para demiti-los quando por eles é traído, roubado ou injustiçado.
A demissão dos empregados que atuam nos setores Legislativo e Executivo pode acontecer a cada quatro anos, com exceção dos membros do Senado, cuja substituição só pode ocorrer a cada oito anos. Já a demissão dos membros do Judiciário é algo impossível. Existe uma forma, o impeachment, mas, alguém se lembra de isso ter ocorrido alguma vez em nosso país?
Por tudo isso, a cada dia, mais me sinto enojado do cruel sistema instalado no Brasil, que zomba de todas as pessoas honestas nascidas nesse “país das maravilhas”, ou será das “maracutaias”?
A revolta se torna maior ainda ao perceber o quanto o Brasil poderia estar melhor se não fossem os danos causados por quem deveria defender e trabalhar em prol dos interesses da população que lhes paga os altos salários.
A desonestidade exercida pelos detentores do poder neste país é tanta que eles utilizam das crises e das catástrofes, como ocorre atualmente, para engendrar esquemas ou se utilizar de forma desonesta de mecanismos para desviar recursos públicos, como fizeram governadores e prefeitos com os recursos destinados a estados e municípios para o combate da pandemia do coronavírus.
Exemplo maior desse descalabro foi a compra de respiradores superfaturados vendidos por uma empresa importadora de vinhos, como aconteceu no estado do Amazonas, não por coincidência estado representado pelo senador Omar Aziz, patético presidente do arremedo de CPI criada para fins eleitorais. A bem da verdade, praticamente todos os medicamentos, materiais e equipamentos comprados para o enfrentamento da pandemia tiveram preços acima do normal.
Com a frieza peculiar aos mais perversos criminosos, em um momento sério como o atual, quando o País enfrenta possivelmente a pior pandemia de todos os tempos, a classe política usa o problema para se beneficiar da desgraça do povo.
Aliás, o que mais os prefeitos gostam é das ocorrências de catástrofes em seus municípios, dando a eles a ocasião para estabelecerem os tais “estado de emergência” ou “estado de calamidade”, quando podem fazer farra com o dinheiro público, comprando serviços e produtos sem licitação.
Bem!… É preciso ressaltar que a licitação, instrumento criado para dar lisura aos gastos do dinheiro público, já não consegue cumprir o seu papel de evitar a rapina de prefeitos desonestos. Com o tempo, foram encontradas formas de burlar o rigor da lei e, hoje, temos vários métodos fraudulentos sendo utilizados nas prefeituras de todo o Brasil.
Se, com a realização de um processo licitatório, os prefeitos conseguem descobrir meios para desviar dinheiro dos cofres das prefeituras, tente imaginar o que acontece quando eles dão a si próprios, através de decretos, o direito de comprar sem a licitação.
E não adianta querer contar com as câmaras municipais, cuja atribuição seria a de fiscalizar aos atos do prefeito, para se evitar o desfalque do dinheiro do povo. Basta lembrar que, em Caratinga, nenhuma CPI aberta contra o prefeito foi concluída.
Isso me permite criar o seguinte pensamento: “Em uma prefeitura, toda investigação termina em corrupção!”.