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Estudo do Muriqui em Caratinga está completando 40 anos

Neste ano, as pesquisas e os estudos do Muriqui, o maior primata das Américas, desenvolvidos na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Feliciano Miguel Abdala estarão completando 40 anos. Para comemorar a importante data, a Preserve Muriqui e os seus parceiros, MIB Muriqui Instituto de Biodiversidade – Projeto Muriqui Caratinga – Conservação Internacional Brasil – e Sociedade para Preservação do Muriqui – PRESERVE MURIQUI, University of Wisconsin-Madson/USA, Fundação Renova, WWF, Milkiware e Muriqui Instituto de Biodiversidade estarão promovendo um evento a ser realizado nos dias 15, 16 e 17 de junho.

De acordo com o ambientalista Rodrigo Negretti Abdala, neto de Feliciano Miguel Abdala, várias pessoas destacadas internacionalmente no setor ambiental já confirmaram suas presenças no evento, entre os quais Dr. Russell Mittermeier, diretor-chefe de Conservação da Global Wildlife Conservation e presidente do Grupo Especialista de Primatas da União Internacional para Conservação da Natureza; Dr. Leandro Jerusalinsky, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros; Dr. Sérgio Lucena Mendes, diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica; Dr. Fabiano de Melo, professor associado da Universidade Federal de Viçosa, e a Daª Karen Strier, professora titular da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, e a mais profunda conhecedora do Muriqui do mundo.

Projeto Muriqui
Embora a existência do Muriqui do Norte (Brachyteles hypoxanthus) nas matas da Fazenda Montes Claros, que pertencia a Feliciano Miguel Abdala, tenha sido descoberta na década de 60, nas expedições realizadas pelo engenheiro agrônomo, zoólogo, naturalista Álvaro Aguirre, relatadas no livro publicado por ele em 1971, e as visitas realizadas por zoólogos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob a liderança de Célio Valle, no início da década de 80, que iniciaram uma campanha para preservação da espécie, o estudo do Muriqui em Caratinga só teve início em 1983. Neste ano, no mês de maio, seria inaugurada a Estação Biológica de Caratinga.

O início e continuidade das pesquisas e dos estudos do Muriqui nas matas da Fazenda Montes Claros são devidos ao trabalho da antropóloga norte-americana Karen Strier que, em 1982, então com 23 anos, visitou a fazenda e se encantou pelos animais.

A partir de então, Karen Strier passou a dividir sua vida entre seu trabalho como professora da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, e suas pesquisas de campo em Caratinga. O Muriqui foi tema para a sua tese de doutorado e o seu esforço e recursos financeiros obtidos por ela foram responsáveis pela constante manutenção de biólogos e estudantes nas matas da antiga fazenda Montes Claros e pela formação de quase 80 pesquisadores brasileiros.

A RPPN
Em 2001, atendendo ao pedido dos filhos e demais herdeiros, a viúva do Sr. Feliciano Miguel Abdala, dona Palmira Vasconcelos Abdala, autorizou a transformação da totalidade da área preservada na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Feliciano Miguel Abdala, cuja área é de 957 hectares, o correspondente a 72% da extensão original da Fazenda Montes Claros.

Nela, atualmente, vivem cerca de 330 indivíduos da espécie, sendo o maior contingente de muriquis em uma mesma área do mundo. Nas matas da RPPN também existem bandos de outros três primatas da fauna natural do Brasil: o bugio, ou barbado, o macaco prego e o sagui da serra ou sagui taquara. Os estudos realizados na RPPN, além do Muriqui e demais espécies animais, têm abrangido a rica flora ali existentes, possibilitando a descobertas de árvores e plantas exclusivas da Mata Atlântica.

Preserve-Muriqui
A RPPN Feliciano Miguel Abdala é administrada pela Sociedade para a Preservação do Muriqui – Preserve-Muriqui, uma entidade privada, sem fins lucrativos, fundada por iniciativa dos herdeiros do Sr. Feliciano Miguel Abdala contando com a participação de alguns cidadãos caratinguenses que se destacam na defesa da preservação ambiental. Atualmente, a Preserve Muriqui tem como parceiros a University of Wisconsin-Madson/USA, Fundação Renova, WWF, Milkiware e Muriqui Instituto de Biodiversidade.

Fiel ao seu propósito conservacionista, entre suas ações, a Preserve Muriqui investe na recuperação de áreas dentro da RPPN, nas matas do seu entorno e, até mesmo, em outros municípios. Para isso, a entidade cultiva um viveiro, atualmente com mais de 20 mil mudas de plantas e árvores nativas, dentre as quais algumas que já se encaminhavam para a extinção. O objetivo, como informa Rodrigo Abdala, é aumentar o número de mudas para 40 mil.

Como relata Rodrigo Abdala, a execução desse importante projeto, que não se limita à proteção da mata existente, mas a sua ampliação, tem oferecido oportunidade de renda para pessoas de menor poder aquisitivo no serviço de coleta de sementes das espécies para a formação dos viveiros. “A gente colheu cerca de duas toneladas de sementes no ano passado. As mudas produzidas em nossos viveiros são utilizadas, através da parceria com a Renova e a WWF, pela mobilização junto aos produtores rurais do entorno da mata, no reflorestamento de áreas devastadas. Já conseguimos mobilizar mais de 1.500 hectares e, agora, pretendemos alcançar mais 3.000 hectares”.

Segundo Rodrigo, a Preserve Muriqui tem ampliado o investimento em ações voltadas à oferta de possibilidade de renda para a população do distrito de Santo Antônio do Manhuaçu, onde se encontra a RPPN, sendo uma delas o ecoturismo. “Nós retornamos com a visitação à RPPN ao final da pandemia e temos recebido turistas de vários estados brasileiros e do exterior. É importante ressaltar que a RPPN é o melhor lugar para se fazer o avistamento dos muriquis em seu habitat natural”.

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