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Café extra amargo! Mais de R$ 100 milhões de calote!

O setor cafeeiro de Minas Gerais, estado responsável por mais de 50% da produção de café em todo o País, poderá sofrer um prejuízo de algumas centenas de milhões de reais, devido ao não pagamento de cafés comprados por uma exportadora da cidade de Varginha, junto aos produtores do Leste Mineiro e da Zona da Mata. Dados não oficiais apontam para prejuízo superior a R$ 100 milhões somente na região de Caratinga.

Entenda o caso
Grande número de cafeicultores do Leste Mineiro e da Zona da Mata tem enfrentado uma situação desastrosa diante do não pagamento de cafés comprado deles por uma empresa exportadora sediada na cidade de Varginha, no Sul de Minas, causando-lhes enormes prejuízos.

Sem querer ter seu nome divulgado, um produtor rural da terceira geração de produtores de café na região da zona da mata mineira, relatou o quanto está angustiado com a situação que enfrenta, em decorrência de não conseguir receber o que a empresa exportadora lhe deve. “Estamos até correndo risco de vida. Não conseguimos cumprir nossos compromissos de pagamento de café e estamos em uma encruzilhada”.

Para desespero dos cafeicultores, a exportadora tem atrasado sistematicamente os pagamentos aos produtores desde julho deste ano. Os contratos que venceram entre os meses de julho e setembro não foram quitados pela empresa.

A falta de pagamento afeta não apenas os comerciantes e produtores de café, mas também corretores em várias partes de Minas Gerais e de outros estados. De acordo com dados oficiais, o valor em atraso é altíssimo, chegando a R$60 milhões.

Leste de Minas
A crise gerada a partir do não pagamento dos contratos pela empresa exportadora provoca um impacto profundo na economia da região, prejudicando mais de 200 famílias e cerca de 1.000 pessoas indiretamente nos municípios de Caratinga, Piedade de Caratinga, Ubaporanga, Manhuaçu, Manhumirim e outros municípios cafeeiros da região.

Ministério Público
Ao tomar conhecimento dessa crise, a deputada federal Rosângela Reis apresentou ao Ministério Público Estadual, durante uma reunião com o Procurador Geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, uma notícia crime contra a exportadora. A partir de então, o Ministério Público Estadual iniciou uma investigação da situação, visando apurar os fatos e proteger os interesses dos produtores e da economia do Estado.

Deputada Rosângela Reis ladeada pelo advogado Daniel Medrado e o Procurador do MPMG Jarbas Soares Jr.

Mais detalhes
O jornal A Semana solicitou junto à Assessoria de Comunicação da deputada Rosângela Reis mais informações sobre o caso, porém, o release enviado como resposta pela assessoria da parlamentar não acrescentou nenhuma novidade além dos detalhes já divulgados pela imprensa.

Diante disso, o jornal procurou outras fontes em busca de mais detalhes relacionados ao fato e acabou conseguindo junto a pessoas ligadas ao setor cafeeiro informações extraoficiais, segundo as quais o valor dos pagamentos em atraso com os produtores não se limitam aos R$ 60 milhões, conforme informado pela assessoria da deputada.

De acordo com uma das informações, somente um comprador de café da região de Caratinga está com um prejuízo de aproximadamente R$ 55 milhões, devido ao não pagamento por parte da exportadora da cidade de Varginha.

Ainda segundo esse informante, somente na região de Caratinga o total do prejuízo causado pela exportadora aos cafeicultores passa de R$ 100 milhões.

Já na região de Lajinha, conforme relatado pelo mesmo informante, porém, sem apresentar valores, os prejuízos dos cafeicultores são bem mais superiores aos dos produtores da região de Caratinga.

Calote
Ainda na busca por mais informações, a reportagem do jornal A Semana tomou conhecimento de uma péssima notícia para os cafeicultores, a qual configura terem sofrido mesmo o calote. Os proprietários da exportadora de café já se encontram fora do Brasil, reduzindo de forma drástica a esperança de virem a receber o que lhes é devido pela empresa.

O verdadeiro total da dívida da exportadora com os cafeicultores do Leste de Minas e da Zona da Mata só serão apurados ao final das investigações atualmente realizadas pelo Ministério Público, que culminarão para uma ação criminal contra a exportadora e seus proprietários.

Diante da quase impossibilidade de que os cafeicultores lesados pela exportadora venham receber o que lhes é devido, resta-lhes esperar por alguma ação do Governo Federal e das autoridades suficientes a restabelecer a estabilidade e a confiança no mercado do café.

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