Buracos se multiplicam por toda cidade
Quem passa por, praticamente, todas as ruas de Caratinga, centro ou na periferia pode pensar que a cidade se transformou em autêntico canteiro de obras. A impressão seria justificada por se tratar de serviços extremamente necessários em qualquer lugar, principalmente cidades de porte médio como Caratinga. No entanto, a situação é completamente diferente ao se conhecer a natureza desses serviços.
Quase bicentenária, a assim chamada “Cidade das Palmeiras” padece de males comuns em quase todas as cidades brasileiras, a falta de infraestrutura, como redes de captação pluvial e de esgoto. No segundo caso, apenas há cerca de três anos, a concessionária iniciou, de fato, a instalação de novas redes de esgoto e deu início ao funcionamento da estação de tratamento de dejetos, na zona rural do bairro das Graças. Isso, com atraso considerável já que havia sido previsto ainda no governo do prefeito José Assis Costa (1997/2000), mediante contrato de transferência.
O grande problema é que as redes de esgoto foram instaladas sem o necessário cuidado de reformar toda a extensão da rede de captação pluvial, esta, de responsabilidade da prefeitura. Além disso, verificou-se e ainda se observa o mau hábito de moradores de ligação de redes entre os dois serviços, principalmente em bairros periféricos. A irregularidade causa dois graves problemas: o mau cheiro provocado pelo esgoto por quase todo o ano, o que é amenizado durante o verão, quando as chuvas são mais frequentes. Neste período surge o outro problema. Com a rede de captação ineficiente, por causa, talvez de manilhamento de bitola inadequada, as inundações são frequentes e os prejuízos, inevitáveis.
BURACOS
Este ano, o verão foi pródigo em chuvas. Fortes temporais atingiram a cidade, causando enchentes, deslizamento de encostas, queda de árvores e até casas vindo abaixo. E pior, provocando, também, o surgimento de buracos que mais se parecem crateras vulcânicas.
Em uma rápida passagem por todas as ruas de Caratinga se vêm tais buracos, seja no centro, seja nos bairros. Alguns se tornam comuns na paisagem local, como no final da rua Santo Antônio, no largo da praça do bairro. A bem da verdade, há buracos, também por quase toda a extensão da Capitão Paiva, que faz a ligação com aquele trecho, a partir da região central. Na quarta-feira, 09, outro buraco apareceu na rua João Pinheiro, na altura da Doctum.
A situação mais extrema ocorreu no longo trecho da avenida Ana Pena de Faria, no bairro Limoeiro, também nesta semana. Toda a rede de esgoto se rompeu e abriu-se um imenso buraco no início da avenida. Na avaliação do prefeito o problema é uma questão antiga que envolve falta de fiscalização e instalação de redes já defasadas e que não atende mais a crescente demanda. O prefeito, acompanhado dos secretários de Meio Ambiente, José Carlos de Souza e de Obras, Carlos Alberto Bastos vem acompanhando o trabalho de recuperação, porém considera difícil o empreendimento. “Não é uma obra barata (a recuperação da rede), é cara, complexa”, comentou em nota à imprensa. O prefeito Dr. Wellington atribui a origem do problema a gestões anteriores da PMC, reforçando a ideia de redes inadequadas e infraestrutura deficiente. “Imagino que quando construíram a rede pluvial só se pensou naquela época, não se pensou no futuro”. E o prefeito acredita, também, que a população, “talvez para evitar pagar a taxa de esgoto, fez a ligação de esgoto dentro da rede pluvial e isso é totalmente inadequado”.
Técnicos da prefeitura informaram que o problema no bairro Limoeiro não foi causado pelo rompimento de rede de esgoto (de responsabilidade da Copasa), mas na rede de captação pluvial que recebe todo o volume de chuva da avenida Ana Pena de Faria e parte da avenida Tancredo Neves e possivelmente da praça Jones de Oliveira Pena, onde está localizada a estação rodoviária. “No passado, foram construídos sobre esta rede pluvial, imóveis, estruturas de alvenaria em áreas de servidão e não houve fiscalização dessas irregularidades”. E lamenta a situação: “estamos agora pagando a conta, recaiu sobre nossos ombros e como prefeito, temos obrigação de tomar o cuidado devido para reparar esses danos”.
Até o fechamento da edição do Jornal A Semana os trabalhos na região do Limoeiro estavam em andamento.